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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Deixe apenas
o último pensamento
entre um Pai Nosso
e uma Ave Maria
sussurrada magnificamente
no infinito das noites
sem estrelas
não deixe-me um só minuto pra depois
mas, piedosamente
dê-me um instante
para forjar um sussurro
um perdido
de joelhos
fingido pesarosamente
no infinito de uma noite que não te digo
mas, pergunto-me
por quanto tempo ainda
terei de desfazer-me dentro dos astros
o sol
e muitas lágrimas de amor
será está à sentença
que me aguarde além da vida
estou na corrida do tempo
fugindo em pedaladas frias
ainda sinto-te em mim
ah! velhos tempos
hoje inerte removes a poeira da dor
tentas compreender acreditar
como podes tu
viver na sombra da morte
se ainda vives
quando eu estou só
nas tuas lembranças perdidas
por favor, não me traga azáleas tristes
sobre a cidade apagada
e um resto reste do teu fôlego ofegante
tragam-me aquelas flores do campo
que rasgávamos juntos todos os entardecer
jogue apenas 
pedaços de sentimentos 
rasgados um a um
e nos letreiros
escreva somente
repousa ela na miséria 
da terra moribunda e fria
dê-me um minuto 
para receber a dura lição
 -SED LEX -
não inspiro-me no Fausto
onde a insatisfação 
torna-se meu devedor sombrio 
 mal súbito 
a raptar meus pensamentos
daqueles que amei 
e nem sei se amo ainda
nas minhas noites
sem dormir
aço letrado letra a letra
no choro colho sílabas 
supremas 
além da aparência fria
magníficas 
no meu ar intelectual adormecida
por favor, dê-me um minuto 
eu não desistirei de raptar tuas palavras
para poder escrever 
no sonho tua aparência
onde estás agora
até neste momento o extremo 
foges
está frio
estou morta
onde estás

então dê-me um parágrafo 
um instante de um sussurro forjado
fingido pesarosamente
apenas nesta entrevista final 
a última noite
quando já não digo nada






Nina Pilar

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