Seguidores

sábado, 10 de maio de 2014

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.

Manuel Bandeira

Pega a minha mão; quero-te aqui na palma da minha mão; quero-te neste instante; sacrifica o dia; deixa rolar a noite; entra nas minhas fantasias; eu arranquei as palhas do berço onde adormecia tempos atrás; vem; segura a minha mão; eu te darei a deixei em tuas mãos hábeis i escorregar pelo meu corpo moldado a minha silhueta; embriagando-se profano e ávido em meus desejos; vem; segura as minhas mãos e entra nas travas contidas na luxuria; enquanto escreve no meu corpo o teu desejo; as lezírias perfumadas de fumaças; entra com teus beijos fermentados de tremores; sabores ociosos; segura o meu corpo e vem; senta-se a sombra do Jequitibá; vem pega a minha mão olha as estrelas elas acenderam; enquanto explode em mim a vida vinda de ti; cegaste minha alma; provocando-me uma cegueira astuta vindas dos pirilampos adormecidos; vem dá-me a tua mão e deixa-me desaguar-me no seu interior; vem vamos despertar na lua; desvendar os seus mistérios; reverencia São Jorge meu anjo guerreiro; e deixa-me roçar nas suas plumas e descansar o meu cansaço no teu corpo úmido de desejos; e quando acordar sentirá uma fisgada aguda e forte; como uma mordida de cobra; agulha rota; é o meu pulso que rasguei depois que olhei o sol; a lua não desceu a terra e São Jorge nunca apareceu; continuamos divididos como o dia e a noite; a minha tristeza vem nas asas de uma águia a planar no meu infinito; o que é poesia sã essa lucidez da loucura os sentimentos em coma; com trauma; anestesiados; que vem do âmago abissal da alma e trás de enxurrada todas as vísceras corrompidas; irrompem as veias que irrigam o coração; e corre entre veias; artérias dando vida e luz na imensa escuridão que trava a boca; cega os olhos; provoca a surdez de todos os mortais; pobres e arrogantes sonhando com a imortalidade; somos o pó que as estrelas deixaram escapa é pra lá que voltaremos um dia...                                                               
... a alma plena; revestida do doces favos do mel perfumada; como a vida; ou deveria ser pra ter razão não só de estar aqui, mas pra o existir; o estar; qual a minha cara; hoje nem sei; virei às costas pros espelhos; tranquei as portas; e deixei pra trás casa; o pátio; e abri o portão; a parti de hoje entra quem quer e sai que desejar... “Vou-me embora pra Passarada; pois lá sou Filha do Rei”.

Nina Pilar

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor_
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

Nenhum comentário: