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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A vida que disfarça-se entre os ontens, o hoje e todos os amanhas que certamente ainda vamos viver, sem muitas máscaras, muitas falas, muitos rostos muitas mãos, tem ecos, tem vozes, cheiros, sentimentos, textura, enfim, temos muitos casos de amor com a literatura, que pra mim, não tem nacionalidade e sim qualidade ou preferência.
Sobre um o poeta que fala do outro poeta que era considerado por muitos e por mim o maior poeta do Brasil, ele falou sobre o João Guimarães Rosa, outro poeta e escritor de uma sensibilidade que transcende a magia das palavras escritas e falada.
Carlos Drummond de Andrade sobre João Guimarães Rosa



"Um Chamado João"

João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?
Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
de precipites prodígios acudindo
a chamada geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?


João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967) foi um médico, escritor e diplomata brasileiro. Autor de contos e livros marcados pela presença do sertão como palco das ações. Sua obra ficou marcada pela linguagem inovadora, utilizando elementos de linguagem popular e regional, com fortes traços de narrativa falada. Tudo isso, unindo à sua erudição, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas. É considerado por muitos críticos um dos maiores escritores brasileiro de todos os tempos, ao lado de Machado de Assis que era conhecido como o bruxo das palavras.
Em 1936, coletando alguns poemas inéditos, apresentou-se à Academia Brasileira de Letras, para concorrer ao Prêmio de Poesia. Magma obteve o primeiro lugar. Guilherme de Almeida, relator, julgando o livro do desconhecido moço mineiro, assim se pronuncia: (...) 'E o livro Magma, de João Guimarães Rosa, inscrito sob o número 8. Pura, esplêndida poesia. Descobre-se aí um poeta, um verdadeiro poeta: o poeta talvez de que o nosso instante precisava. Nativa, espontânea, legítima, saída da terra com uma naturalidade livre de vegetal em ascensão, Magma é poesia centrífuga, universalizadora, capaz de dar ao resto do mundo uma síntese perfeita do que temos e somos. Há aí, vivo de beleza, todo o Brasil: a sua terra, a sua gente, a sua alma, o seu bem e o seu mal, mas, antes de tudo a sua salvação, sua essência.

Realismo mágico, regionalismo, liberdades e invenções lingüísticas e neologismos são algumas das características fundamentais da literatura de Guimarães Rosa, mas não as suficientes para explicar seu sucesso. Guimarães Rosa prova o quão importante é ter a linguagem ao serviço da temática, e vice-versa, uma potencializando a outra. Nesse sentido, o escritor mineiro inaugura uma metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria de novo ao centro da ficção brasileira.
Guimarães Rosa também seria incluído no cânone internacional a partir do boom da literatura latino-americano pós-1950. É que o romance havia entrado em decadência nos Estados Unidos (onde à época era vitrine da própria arte literária, concorrendo apenas com o cinema), especialmente após a morte de Céline (1951), Thomas Mann (1955), Camus (1960), Hemingway (1961), Faulkner (1962). E, a partir de Cem anos de solidão (1967), do colombiano Gabriel García Márquez, a ficção latino-americana torna-se a representação de uma vitalidade artística e de uma capacidade de invenção ficcional que pareciam, naquele momento, perdidas para sempre. São desse período os imortais Vargas Llosa (Peru), Carlos Fuentes (México), Julio Cortázar (Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo Carpentier (Cuba).
Obras que vale a pena ler pelo momento historio ( não só por ele), mas  pela literatura impecável e imperdível e fascinante.

Obras

1936: Magma
1946: Sagarana 
1947: Com o Vaqueiro Mariano
1956: Corpo de Baile
1956: Grande Sertão: Veredas
1962: Primeiras Estórias
1967: Tutaméia – Terceiras Estórias
1969: Estas Estórias (póstumo)
1970: Ave, Palavra (póstumo)

13 comentários:

MARILENE disse...

Você deu a dica. Mostrou. São grandes escritores e merecem nosso aplauso.

Bjs.

MARILENE disse...

Nina, penso que foi aqui. Já verifiquei nos outros e nenhum comentário foi excluído. Presumo que seja neste porque não gostei do que havia lido. Inoportuno e infeliz. Não sei como as pessoas chegam a esse ponto. Você fez uma excelente postagem. Não ligue. Quem colocou sequer merece referência. Aliás, era anônimo.

Bjs

Nina Pilar disse...

marlene querida...
eu já li todos estes livros aqui listados amiga e todos são extraordinários, difícil falar qual o melhor, e sou tendenciosa amiga, por que gosto muito do Gabriel García Márquez mas, todos são excelentes escritores. e onde eu apaguei teu comentário foi no "NOSSOS ABISMOS".amiga sou grata pela sua atenção e carinho.
beijo amiga...uma linda semana pra nós.

♪ Sil disse...

Só aplausos e reverências Nina!


Beijoooo

Anônimo disse...

A poesia nos leva aonde ninguem mais pode chegar!!!

Teemu Tretjakov disse...

Beautiful light! From a window, I suppose?

Vera Lúcia disse...

OLá Nina,
Vim deixar-lhe o meu abraço e conhecer mais este seu lindo espaço.
Beijo.

MARILENE disse...

Estou sentindo falta de você. Por onde anda??

Bjs.

Nina Pilar disse...

E eu pra ti sil, li que estás indo fazer uma cirurgia, vai dar tudo certo querida, estamos aqui pra pensamos juntos e juntos criamos uma luz, elos, e força pra este teu caminhar.que a paz esteja sempre contigo, força, fé e esperança...
Beijinhos minha querida

Nina Pilar disse...

É verdade,podemos ultrapassar todos os limites , seguir os mais altos e caros sonhos, sentir a delicia da poesia, deixar-se ir...
Beijinhos
Volte sempre.

Nina Pilar disse...

As janelas dos nossos infinitos tbem são infinitas, e se podemos ir, se podemos ser, se podemos sonhar pq não...
Beijinhos amigo,
Volte sempre querido.

Nina Pilar disse...

Verinha minha sempre querida amiga, bom encontrá-la, é um espaço que é nosso amiga, fico grata e feliz em encontrá-la...
Muitas alegrias, luz e amor pra ti querida

Nina Pilar disse...

Marlene, ando correndo amiga, sem tempo e correndo contra o relógio, pra ter um pouco de folga brevemente, estou cheia trabalho, mas, sempre que posso amiga volto aqui, e que coisas boas é sentir este carinho esta amizade este amor que vem de todos os lados, é muito bom saber que podemos construir, que podemos receber e dar carinhos, em forma de poesias, na presença dos amigos e nas demonstrações de amizade que aqui recebemos, fico grata, feliz a te vaidosa amiga, e acredite tbem sinto falta desta janela aberta pra o amor, e pra ternura, que abrimos sem medo, pelo prazer de estarmos juntos e vivendo a poesia na sua totalidade. Obrigada mar_lene, que este mar de emoções que vem de ti, recebas sempre e, dobro querida.
Fica em paz, com amor, carinho e muita ternura...